A prisão da advogada Deolane Bezerra, figura controversa e amplamente seguida nas redes sociais, lança luz sobre uma questão que transcende os motivos que a levaram à cadeia. Ela nos conduz a uma reflexão sobre o fenômeno dos influenciadores e, mais crucialmente, sobre o papel dos influenciados. Quantas "Deolanes" escolhemos seguir? A verdadeira indagação aqui não se limita àqueles que se autoproclamam influenciadores, mas se estende a nós, que voluntariamente concedemos a eles o poder de influenciar nossas vidas.
Nas redes sociais, assistimos diariamente a uma exibição extravagante de luxo e ostentação. Carros importados, iates reluzentes, jatos particulares, festas de revelação de gênero, casamentos que começam e terminam como em um piscar de olhos. Este desfile incessante de excessos acumula seguidores aos milhões, moldando tendências, ditando padrões de consumo e até mesmo influenciando decisões financeiras. Há, contudo, uma inquietante verdade por trás desse espetáculo: é como se estivéssemos assistindo, passivamente, a uma peça de teatro onde palhaços ganham aplausos em um palco improvisado, enquanto a plateia ignora o verdadeiro valor de seus próprios atos.
Mas será que o problema reside apenas nas "Deolanes" da vida? Ou devemos olhar para nós mesmos e questionar a razão de entregarmos nosso tempo e atenção a essas figuras? A questão vai além da celebridade momentânea ou da influência digital. Ela nos desafia a refletir sobre quem permitimos que entre em nossas vidas, quem deixamos invadir nossas rotinas e pensamentos. Mais do que seguir alguém, é abrir a porta da nossa história, da nossa intimidade, para quem muitas vezes só nos retribui com futilidades e distrações vazias.