O amor que você tem pra dar e não dá acaba apodrecendo em você
Se você precisasse transportar água de um lugar para o outro, que tipo de utensílio usaria para isso? Esta edição do Radinho BdF apresenta para os ouvintes mirins um menino que preferia carregar água na peneira: o poeta Manoel de Barros, o poeta das infâncias, que cresceu em uma fazenda no coração do Pantanal e dedicou a vida pra escrever sobre borboletas, caracóis, passarinhos e outras tantas coisas que podem parecer desimportantes para os adultos.
Como em novembro completam-se sete anos do falecimento de Manoel de Barros, o Radinho convida quem ele mais gostava para fazer uma homenagem: as crianças. Ele mesmo dizia que liberdade e poesia a gente aprende com elas.
Eu acho que dá para carregar água na peneira, mas em outro tipo. Se você imaginar que alguém consegue carregar água na peneira, é possível sim carregar água nela. Acho que ele quer dizer que a gente pode fazer algo impossível ser possível, mas dentro da nossa cabeça”, diz Francesco, que tem 6 anos e mora em São Paulo.
O poeta escolheu dar atenção ao que chamou de “vazios infinitos”. Sempre dizia que tudo o que não serve para vender no mercado serve para fazer poesia, como o “coração verde dos passarinhos”. Manoel dizia que na verdade só tinha profundidade sobre “o nada” e que, para ele, poderoso não é quem descobre o ouro, mas aquele que descobre as “insignificâncias”.