Estava, certa vez, com minha esposa – a digníssima – tomando um chopp no Centro do Rio, no Menezes Cortes, oito da noite, quando chegou a hora da despedida:
– Vou para casa.
– Eu vou encontrar o Jorge às 9:30h, para discutirmos aquele projeto de Maricá. Antes vou comprar uns negócios de informática.
– “Tá”.
– “Tá”. Beijinho.
E foi.
Nove e meia me encontrei com o Jorge. Quanto estava chegando o segundo chopp, ele disse:
– Manhães, encontrei com a Silvinha e com a Elaine, no barzinho do Metrô e...
– Elaine? Minha mulher?
– É, cara, tava com a Silvinha... Com a Silvinha! Meu amigo, fica frio, que não foi dessa vez (risos).
– Não, não tem problema. Eu não sou ciumento. Inclusive, vamos pedir a conta que eu não “tô” com sede hoje.
Cheguei em casa e o pezinho ficou batendo no chão (esperando) por mais duas horas. Quando ela entrou, comecei a esbravejar. “Por que você é isso, é aquilo...”. E ela quietinha; cabeça baixa, olhinhos de criança coitadinha. Mas ela não toca. NÃO TOCA! Ela sabe que no desabafo, se tocar, explode junto. E esperou uns quarenta minutos, até o resmunguento se acalmar. Então, chegou para mim, abriu a mão e disse: “bombom de licor pra você”.
Meus olhos tentaram me enganar, mas retruquei desafiante: “’cê’ sabe o que você faz com este bombom, não sabe?”.