São Paulo - Os casos de dengue dispararam neste início de 2020. Segundo o último Boletim Epidemiológico divulgado pelo Ministério da Saúde, até a quarta semana deste ano (25/01), foram contabilizados 57.485 casos prováveis da doença em todo o país - a estimativa é que este número já chegue próximo dos 100 mil, somando os dados das secretarias de saúde dos municípios e estados.
Se os dados forem confirmados, teremos um aumento de 71% em relação ao primeiro bimestre de 2019.
Para a coordenadora do Serviço de Controle de Infecção Hospitalar, Glaucia Fernanda Varkulja, do Hospital Santa Catarina, estamos próximos a um novo surto de dengue, especialmente nas regiões Nordeste e Sudeste. "A incidência é relativamente cíclica, e para 2020 já esperávamos um comportamento mais agressivo", afirma.
A dengue é transmitida apenas pela fêmea do mosquito Aedes aegypti (assim como a zika e chikungunya). Quando este mosquito pica alguém contaminado com o vírus, passa a carregá-lo por toda a sua vida e transmiti-lo para as outras pessoas que venha a picar. Porém, mesmo infectado, o mosquito só se torna infectivo (apto a disseminar o vírus) entre 10 e 12 dias, após se alimentar com o sangue de alguém infectado.
A fêmea precisa do sangue humano para amadurecer seus ovos; e para reprodução, deposita seus ovos em ambiente aquático (para eclodir e se desenvolver aos estágios de larva, pupa e, finalmente, mosquito). Quanto maior a longevidade deste grupo de mosquitos, maior a chance de termos elementos infectivos.
As altas temperaturas e grande incidência de chuvas do verão ajudam na proliferação do Aedes. "Calor, chuvas e água parada tornam o ambiente propício para a formação de criadouros do mosquito", explica Glaucia.
Apesar das quantidades de casos de chikungunya (3.439) e zika (242) serem parecidas com as do último ano, ela alerta que a possibilidade de aumento nas incidências dessas outras doenças não pode ser descartada. "Como o vetor já está circulando e o mesmo mosquito é o responsável pela transmissão, então o risco existe. Em 2019, foram mais de 300 casos confirmados de chikungunya, e mais de 70 de zika, somente no Estado de São Paulo".