*por Ernesto Puglia Neto
São Paulo – As polícias militares ganharam as primeiras páginas dos principais jornais do Brasil, e não foi em razão dos números baixos da criminalidade.
Movimentos grevistas que ameaçam ou atingem parcialmente vários estados brasileiros chamaram a atenção para a relação complicada que existe entre as corporações, seus governadores e o presidente da república. Se por um lado Bolsonaro é tido como um defensor das polícias, o que seria bom para as corporações, por outro, sua popularidade entre os policiais militares parece configurar ameaça a vários governadores, já preocupados com suas aspirações no cenário local ou, em alguns casos, no cenário nacional.
A proliferação de movimentos de reivindicação salarial em prol das polícias militares, quase sempre não atendidos – ou atendidos de forma insuficiente – sugere que os governadores tratam essas reivindicações em “banho-maria” – quando não com desdém, pois sabem que os valores básicos dos militares estaduais, a hierarquia e a disciplina, conduzem suas ações e impedem que sejam tomadas medidas drásticas, mesmo sendo alvo de políticas remuneratórias vexatórias, na maioria dos estados.
De tempos em tempos, surgem movimentos mais contundentes, principalmente no nordeste, onde a presença dos partidos de esquerda no governo dos estados, bem como a dependência das instituições policiais de recursos do governo federal – leia-se aqui, do PT – permitiram a fragilização da formação dos militares estaduais, com a presença de muitos professores ideologicamente orientados – caso da Polícia Militar do Ceará – o que possibilitou o surgimento de lideranças politizadas no seio da tropa.
Aliado a isto, observa-se um perigoso movimento que deseja a redução dos valores e deveres dos militares estaduais, visando a aproximá-los dos valores e deveres dos funcionários públicos e descaracterizando a condição de militar desses profissionais, o que é perigoso para os policiais militares e, mais ainda, para a sociedade.
Os motins e greves trazem prejuízos enormes à população, que se vê à mercê de criminosos – de todos os tipos. No Ceará, por exemplo, somente nos primeiros dias de paralisação parcial dos policiais militares, quase 100 pessoas foram assassinadas, sem contar os demais crimes cometidos.