A data (23 de abril) homenageia leitores, tradutores, editores, enfim: toda a galera envolvida com livro, seja na sua produção, seja na sua leitura. É também a oportunidade de dar uma moral a quem cria o livro, o autor dele, não apenas como artista, mas como o cara que, porque é o autor, tem direitos legais sobre a sua obra. Para celebrar a data destacamos PRA GAROTADA o projeto Pretinhas Leitoras: irmãs que comandam o projeto de literatura infantil antirracista.
Helena e Eduarda Ferreira são irmãs gêmeas de 12 anos de idade e donas do projeto Pretinhas Leitoras. Ele foi idealizado em 2015 com a ajuda da mãe, Elen Ferreira, professora de educação básica e pesquisadora, com a ideia de estimular a leitura das crianças na comunidade onde elas moram, o Morro da Providência, no Rio de Janeiro. Desde 2018, elas contam com um canal no YouTube para falar sobre literatura de uma forma divertida.
A gente queria fazer uma coisa diferente, que era contar histórias, só que voltadas para crianças. Crianças negras contando para crianças negras e brancas”, explica Helena.
No sábado, o público pôde acompanhar as gêmeas no evento do CCBB Educativo Múltiplo Ancestral. Sob o tema “Infâncias plurais na literatura negra: narrativas que nos aproximam dos saberes ancestrais”, elas falaram sobre a necessidade e a importância de personagens negras nas histórias contadas no dia-a-dia infantil.
No projeto, as meninas valorizam a literatura negra com a intenção de mostrar diferentes realidades e sair da caixinha. Por meio das histórias desses livros, elas falam sobre temas como autoaceitação, afeto e ancestralidade. O interesse das gêmeas pela leitura vem da influência da mãe, que sempre teve muitos livros em casa e, ao observar Elen com livros, as duas começaram a criar o mesmo interesse. Sobre o papel dos pais na introdução das crianças à leitura, Eduarda diz:
Os pais ou avós devem parar de incentivar o livro como se fosse um castigo. A criança acaba não vendo o livro como uma diversão, e sim como mais uma tarefa para ela fazer”.
Hoje, com mais de 28 mil inscritos no canal do YouTube e mais de 50 mil seguidores no Instagram (@pretinhasleitoras), as irmãs entendem as redes sociais como um desafio neste momento de pandemia.
Tivemos que mudar muito o nosso jeito, porque a gente falava em espaços abertos para as crianças ouvirem, e aí a gente foi começando a se apegar na internet, vendo qual era o melhor jeito de falar para atrair as pessoas. Foi bem desafiador, tanto que a gente ainda está aprendendo”, diz Eduarda.
Apesar das dificuldades, as meninas ainda têm muitos sonhos para realizar com o projeto. Um deles é um livro com a participação de mais de 100 crianças para incluí-las no mundo da literatura e escrita.
Sempre foi o nosso sonho botar mais crianças no projeto”, conta Helena.
Além disto, o novo quadro Encontro com as letrinhas, que passa toda sexta-feira no programa Encontro com Fátima Bernardes, da Rede Globo, permite maior visibilidade às Pretinhas Leitoras. No quadro, elas contam uma história de uma forma divertida com a ajuda de efeitos especiais.
Sabemos que a criança gosta muito de coisas 3D, interações, conto de fadas, então a gente quis misturar isso e um pouco da nossa história para juntar tudo e fazer esse quadro”, explica Eduarda.