Sobre a pandemia já ouvimos de tudo, todas as desculpas possíveis... Já chegamos a mais de 420 mil vidas perdidas e continuamos na mesma ladainha em busca de justificativa. Primeiro, a culpa foi no STF - o que de fato não aconteceu. A decisão em 15 de abril do ano passado apenas ampliou poderes dos Estados e Municípios e não tirou nenhum dever do Governo Federal. Bolsonaro decidiu não comprar vacina quando lhe foi oferecido, lutou contra as medidas de distanciamento e investiu em um “Tratamento” com medicação sem eficácia; propôs em 2020 um “auxílio emergencial” ainda menor e, diariamente, briga com a China, a fabricante dos insumos de uma das vacinas, boicotando a saúde do país e a luta contra a pandemia. Resultado: milhares de vidas perdidas.
Quando, ainda no ano passado, os Prefeitos de várias cidades, inclusive da nossa região, assinavam contratos de intenção de compra de vacina, o Governo Federal se negava a comprar. Quando após a pressão popular e depois de muito tempo, mudou de ideia e foi obrigado a criar o Plano Nacional de Imunização, que consequentemente acabou impedindo os municípios de realizar as compras. O STF decidiu a favor do Governo, obrigando as cidades a seguir o Plano. Pois bem, a vacinação acontece tardiamente e o Brasil passou a figurar no final da fila, recebendo doses de vacinas depois que outros. E, neste momento, vacinamos 10% da população com as duas doses. Os municípios pagam um preço até hoje pelas escolhas de Bolsonaro, poque acaba cabendo a eles as medidas restritivas, que ainda salvam vidas, e mesmo lutando contra as declarações do líder máximo do país. E, ao mesmo tempo, eles não têm doses suficientes para vacinar em massa, pois as recebem em conta gota, das mãos do Governo Federal.
Para os Prefeitos apenas sobrou a pressão de Bolsonaro que, com suas declarações contra eles, armam oposicionistas e pessoas sem senso crítico e, claro, os seguidores do Presidente que, para passarem pano, detonam os Prefeitos.
Em 2020 muitos pensavam que poderiam ter no bolsonarismo a chance de vencer suas eleições. Mas, como vimos, não foram relevantes para as vitórias municipais, em sua esmagadora maioria. Em 2022, a história se inverte e Bolsonaro precisa dos votos municipais. Mas, como contar com isto se durante dois anos Bolsonaro trabalhou contra os Chefes do Executivo Municipal?
Aos Prefeitos só resta esperar e continuar recebendo vacinas.
Em tempo, vale lembrar que os Governadores que foram afastados e investigados por desvio de verbas na pandemia eram e são todos aliados de Bolsonaro, como os Governadores do Rio e Santa Catarina, afastados, e o do Amazonas, que é investigado.