Até um certo tempo atrás, a desculpa para alguns defenderem o fato de o Presidente não ter comprado vacinas quando elas foram oferecidas era que o Governo não poderia comprar algo que não estava aprovado pela Anvisa. Várias mentiras se encontram neste discurso. A primeira é que o funcionamento das coisas não acontece desta maneira. O Governo assina um contrato de intenção e depois de aprovado na Anvisa, as doses são enviadas e pagamento feito. Ou seja, naquele momento em que a Pfizer queria fazer do Brasil uma vitrine de vacinação, o Governo, que nem respondeu aos e-mails, deixou claro que não tinha era interesse de vacinar seu povo, ao custo de muitas vidas. Porque na verdade não existia compra e sim a intenção de tê-la, e, na medida em que negamos, atrasamos ainda mais o pedido de registro da mesma vacina no Brasil pelos laboratórios. Mas, por que duas vacinas estão tendo contratos de intenção assinados pelo Governo e nem aprovação da Anvisa tem? Por que assinamos um contrato em que o preço da dose está bem acima do mercado?
Para começar a entender alguns pontos, vale a pena ressaltar que pagamos pela vacina da Pfizer, hoje, mais do que pagaríamos quando nos foi oferecido no ano passado. No que diz respeito à vacina Covaxin, em janeiro deste ano através de contato por e-mail à Embaixada, ela era oferecida por um valor menor que uma garrafa de água; em fevereiro já estava 1000% maior. Mesmo assim, o Governo assinou o contrato. Sendo alertado sobre o assunto, o Presidente da República citou Ricardo Barros, como o responsável pela situação, segundo o Deputado Luís Miranda, em depoimento à CPI.
A Covaxin não tem aprovação da Anvisa para utilização no Brasil, mas, mesmo assim, o Governo assinou contrato? Ué!
Mas também existe uma outra vacina, sem aprovação da Anvisa, que o Governo Brasileiro já assinou contrato para compra e por um valor absurdo - a mais cara do Brasil. Trata-se da vacina chinesa chamada Covidecia que sairá por US$ 17,00 a dose. Assim como a Covaxin o Governo está utilizando uma empresa para comprar a vacina - um intermediário. A empresa é a farmacêutica de Maringá, Belcher. Em julho do ano passado, a Belcher foi alvo da “Operação Falso Negativo”, contra empresas que superfaturam os preços aproveitando-se da dispensa de licitação para aquisição de testes rápidos para a Covid-19. Nada para se pensar e tudo dentro da normalidade de uma suspeita de fraude.
Em suma, podemos perceber que o discurso usado pelo Presidente sobre a compra de vacinas não se sustenta quando se trata das duas vacinas aqui citadas. Para estas, através de Ricardo Barros e as muitas denúncias que estão sendo investigadas pela CPI, tudo pode: até não ser aprovada pela Anvisa. E onde isto pode parar? Simples: Bolsonaro, que alugou o Centrão, tem agora o líder do Governo, e integrante do “Centrão”, como alvo de algo muito grande, que envolve o Presidente em denúncia de “prevaricação”, que, se confirmado, pode retirá-lo do cargo, através do voto deste mesmo “Centrão” que o Presidente tentou comprar por R$ 3 bilhões. Mas, sabem de uma coisa: para quem aceitou convicção como ponto principal para um julgamento, Bolsonaro está prestes a ser condenado, porque isto não falta.