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COMO VOCÊ TEM CONTADO SUA HISTÓRIA? | Riobrasil Noticias

COMO VOCÊ TEM CONTADO SUA HISTÓRIA?

COMO VOCÊ TEM CONTADO SUA HISTÓRIA?

06/09/2021 11:57:00 | Rio de Janeiro | Fonte: Jornal em Destaque

Era uma vez uma menina muito má.  Ela era completamente adepta a prática do bullying e diminuía e intimidava psicologicamente todos os que percebiam ser mais vulneráveis. Em sua perversidade, diante de um colega específico, começou a ressaltar enfática, com deboche e crueldade, todos os atributos físicos existentes nele que lhe causavam estranhamento.


Indefeso, por muito tempo ele escutou as acusações da menina deitado, quase inerte. Até que, num ímpeto de fúria, motivado pela injustiça e pela tirania a ele direcionada, consegue unir forças e ataca sua algoz. Tantas críticas a sua forma física serviram como gatilho para deixar escapar a violência há tanto reprimida por ele, diante das insistentes injúrias e despautérios a seu respeito.


Bom... Poderia ter sido dito dessa forma. Mas é mais usualmente conhecida como a história de uma menininha angelical, que se perde na floresta e chega na casa de sua avó depois que um lobo malvado assume seu papel. Ela não reconhece a fisionomia que vê à sua frente e, antes que possa fugir de seu predador, é agarrada por um lobo muito mau.


Ambas as versões tratam da mesma fábula, mas com recortes, contextos e focos inteiramente distintos. E é isso que deve ser visto quando entendemos as diferentes singularidades: a lente do observador. Se escutarmos ‘Chapeuzinho Vermelho’ continuamente pela ótica da própria menina, indubitavelmente o Lobo sempre será mau.


Isso ilustra como a nossa perspectiva pode influenciar naquilo que está sendo contado. De certo, é impossível ser neutro axiologicamente. Sempre somos atravessados pelas tantas experiências, intercorrências e afetos que chegam ao nosso encontro. Portanto, nossa posição diante do mundo e do outro é bem específica e singular.


Ainda traçando um paralelo, isso não quer dizer que na visão de Chapeuzinho o animal não seja realmente maldoso. Ou que na versão do Lobo a menina não seja alguém, extremamente sádica. Essa é a verdade de cada um. E só assim conseguimos pensar nos acontecimentos: na relação que temos com eles – associada àquilo que podemos enxergar.


Diante disso, cabe refletir como contamos a nossa própria história. Como a percebemos, quais são os filtros que utilizamos para entendê-la, que acontecimentos deixaram marcas mais profundas. Compreender isso pode revelar muito sobre nós. Não apenas a respeito do nosso passado, mas sobre como aprendemos a ver o mundo – de uma maneira mais ampla.


Somos seres de linguagem. É através dela que interagimos, nos conectamos, nos relacionamos com os demais e com nós mesmos. E as palavras, os recortes, as ênfases – tudo isso é selecionado previamente por nós, na maioria das vezes de modo não consciente. Cabe a nós, a cada vez, nos apropriamos mais dessa narração. Cada qual com a sua versão.

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