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Enfraquecimento da relação com EUA aproxima China da Rússia | Riobrasil Noticias

Enfraquecimento da relação com EUA aproxima China da Rússia

Enfraquecimento da relação com EUA aproxima China da Rússia

05/02/2022 12:49:00 | Ásia | Fonte: Jornal em Destaque

Poucos líderes mundiais se reuniram tantas vezes como Xi Jinping e Vladimir Putin: 38. Mas, desde que a Rússia havia recém-ocupado a Crimeia, há oito anos, nenhum encontro entre os dois causou tantas expectativas quanto o desta sexta-feira. O Kremlin, em plena crise com o Ocidente envolvendo a Ucrânia, anunciara que o encontro versaria sobre uma “visão comum de segurança”.


A amizade cada vez mais intensa entre a China e a Rússia, depois de décadas de profunda desconfiança, beneficia ambos. Os dois percebem os Estados Unidos como um rival comum contra o qual se apoiam mutuamente e compartilham uma visão no mínimo cética sobre os valores democráticos ocidentais.


A declaração conjunta em Pequim leva a entente sino-russa ao nível de uma frente comum para responder à pressão dos EUA contra a Rússia e a China na Europa, na Ásia e globalmente. Uma evolução importante de uma relação já muito próxima”, escreveu no Twitter Dmitri Trenin, diretor do Centro Carnegie em Moscou.


A reunião desta sexta-feira guarda semelhanças com a de 2014. Na época, depois da anexação da Crimeia, a Rússia estava contra as cordas, convertida em um pária aos olhos do Ocidente. Sua economia sofrera queda por causa das sanções internacionais. A assinatura de um acordo de US$ 400 bilhões para o fornecimento de gás natural à China funcionou como uma tábua de salvação econômica e diplomática. Não apenas Moscou encontrava uma nova fonte de receita como também enviava a mensagem de que não estava isolada.


A assinatura marcou o aprofundamento de uma relação que, convertida em aliança informal, se fortalece em várias áreas. A China hoje representa 20% do comércio russo, contra 10% em 2014. Os dois países fazem manobras militares conjuntas, e assinaram um memorando para construir juntos uma base na Lua.


Como em 2014, a Ucrânia volta a ser o pano de fundo. O Ocidente tenta afastar o fantasma de uma invasão russa. E a China, agora consolidada como potencial mundial com maior peso internacional que sua vizinha e sócia, volta a se perfilar como grande amiga de Moscou.


Além do novo acordo de gás, que complementa o fornecido pelo gasoduto Força da Sibéria, a declaração conjunta, como antecipada pelo governo russo, contempla uma “visão comum” em matéria de segurança internacional.


Nossos países desempenham um papel estabilizador importante no complicado clima internacional atual, promovendo uma maior democracia no sistema de relações internacionais, para fazê-lo mais equitativo e includente”, disse Putin em artigo publicado na agência oficial chinesa Xinhua.


Pequim deu um passo além, nesta aproximação na semana passada, quando, em conversa com o chefe da diplomacia americana, Anthony Blinken, o chanceler chinês, Wang Yi, apoiou a posição russa na Ucrânia e na Europa do Leste, onde Moscou reclama da expansão da Otan. Wang disse então que “as preocupações razoáveis da Rússia devem ser levadas em conta” e que “não se pode garantir a segurança regional sobre a base da expansão de um bloco militar”.


Essa declaração foi mais longe do que as que Pequim formulou sobre outras intervenções da Rússia, disse Evan Feigenbaum, do Fundo Carnegie para a Paz Internacional, em Washington. Antes da ocupação da Crimeia, que a China nunca reconheceu, Moscou não se alinhou com o Kremlin quando este enviou forças para a Geórgia para apoiar a secessão da região da Abcásia, exatamente nos Jogos Olímpicos de 2008.


Desde então, porém, a relação entre China e EUA se deteriorou, e a Rússia ganhou valor como sócia. Segundo disse Feigenbaum em uma mesa redonda, “entre a coerência de princípios e a realidade geopolítica, o governo chinês optou pela realidade geopolítica”.


As duas economias são complementares. A China pode prover a Rússia de infraestrutura, alta tecnologia e semicondutores, e Moscou fornece armamentos modernos, produtos agrícolas e gás e petróleo para as imensas necessidades energéticas do vizinho. Os dois países resolveram suas disputas de fronteira, a maior do mundo, com 4 mil quilômetros, com um acordo que lhes permitiu realocar fundos de defesa e soldados.


Segundo Alexander Gabuev, do Centro Carnegie de Moscou, a concentração de tropas russas na fronteira da Ucrânia “é consequência indireta do acordo fronteiriço com Moscou”, e o número de soldados na fronteira com a China é o menor desde 1922.


Mas essa proximidade tem limites. Em Moscou persiste certa suspeita do vizinho cada vez mais poderoso: a relação é “assimétrica”, e o sentimento é que a Rússia precisa mais da China do que vice-versa, diz Gabuev.


A China é muito pragmática e tem muita capacidade de pressão. Sua posição negociadora aumenta a cada dia, então é melhor assinar um acordo hoje do que amanhã”, afirma ele.


Apesar de contemporizar, a China contempla com ceticismo as intervenções da Rússia em apoio a movimentos separatistas, como os da Ucrânia e da Abcásia, diante do temor de incentivar reclamações nesse sentido no seu próprio território, no Tibete, em Xinjiang ou em Hong Kong. Nenhum dos dois lados teve interesse em formalizar sua aliança com um tratado.


É difícil que o apoio chinês às ações da Rússia na Ucrânia vá muito longe. Pequim mantém boas relações com Kiev, uma peça importante de sua rede mundial de infraestrutura, a Iniciativa Cinturão e Rota. A Ucrânia, além disso, é um importante sócio comercial: seu intercâmbio de produtos agrícolas cresceu 33% em 2021 em relação ao ano anterior. A antiga república soviética lhe fornece 80% do seu milho.


A China, sobretudo, não deseja um conflito em que tenha que escolher entre o apoio a seu aliado e o cumprimento do que seriam duras sanções internacionais no caso de uma invasão da Ucrânia. Nem se arriscaria a se ver em confronto com a União Europeia, seu segundo sócio comercial.


Na conversa com Blinken, Wang pontuou que deseja uma solução da crise pela via diplomática. “A China apoiará qualquer esforço que se alinhe com a direção e o espírito” dos Acordos de Minsk, declarou o ministro, em referência ao cessar-fogo entre Rússia e Ucrânia firmado em 2015 com França e Alemanha como mediadores.


Conteúdo: Macarena Vidal Liy, do El País

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